Estamos no Mundo…
Estamos no Universo.
E um artefato com frente e verso
E que não se sabe de onde é oriundo
Mas que, desde que o mundo é mundo,
Talvez, já há trinta mil anos,
Cobre a face de mulheres e homens,
Sejam ou não sejam “sapiens”
Sejam humanos ou desumanos.
Cerimônias pagãs enfeitavam,
Velando rostos, dissimulando olhares,
Mesmo se os olhos não ocultavam;
Disfarce em danças rudimentares.
Mas evoluíram, se transformaram…
Contra maus espíritos foram usadas,
Na passagem, vedavam caras maquiadas,
Em povos em busca do Éden eterno,
Na ânsia do desvio do temível inferno.
Ao longo dos anos, ao longo da vida,
Cobriram as faces de muitos guerreiros,
Fossem imaginários, falsos ou verdadeiros.
Embalaram festas, bailes de fantasia,
A perfídia e traição como companhia,
Da lascívia de nobres e da realeza
Até do povo, mesmo da pobreza.
Alegravam brincadeiras e carnavais,
Fossem modernos ou medievais…
Até que ao fim se lhes deu novo uso
Sério e utilitário, bem longe do abuso.
– Mas, do que tu falas? Eis a pergunta.
– Sigas o que eu disse e verás como se junta.
Tão antigo e usado, o velho objeto,
Que ainda pode servir a motivo abjeto,
É a máscara que hoje protege a saúde
De quem cuida de gente todo dia, amiúde,
Profissionais a espalharem coragem e afeto.
No entanto, máscaras físicas vestem
Os abnegados, os grandes benfeitores.
Como seus pacientes sobre a face as ostentam,
Protegendo quem cuidam, verdadeiros doutores.
Outros, de outro lado, apegados ao poder,
Mestres da impostura, do mentir e esconder,
Sem máscara de pano conseguem usar
A máscara da covardia, especialistas em disfarçar.
Não sabem, contudo, para onde fugir,
No dia em que a máscara finalmente cair…
Joffre Sandin